Música, teatro e poesia. A manhã desta quarta-feira (27) foi recheada de programas culturais para os alunos da Escola Municipal Darthesy Novaes Caminha (escola do campo) e Escola Municipal José de Souza que participaram do primeiro ENCONTRO do Projeto Letras de Barros (resultado da junção dos Projetos Bodoque de Palavras e Biblioteca Aberta).
Durante toda manhã eles trocaram informações, conversaram e fizeram inúmeras apresentações – todas baseadas nas obras do poeta Manoel de Barros. O projeto que é apoiado pela Fundação Manoel de Barros (FMB) integrou alunos do campo e da cidade com o intuito de promover a troca de informações do cotidiano e do aprendizado entre estes estudantes. Para a professora da escola Darthesy Novaes Caminha, Nilza Nantes da Silva a experiência vai além da melhoria na leitura, está na mudança cultural. “Com esse projeto nós acabamos descobrindo talentos que estão escondidos. Além de melhorar a leitura melhora a auto-estima dessas crianças. Elas falam de Manoel de Barros, estudaram o poeta e os resultados são visíveis”. Ela acrescenta ainda que para que os alunos compreendessem o poeta trabalhou com outros autores. “Foi indispensável trabalhar Monteiros Lobato”, enfatiza a professora. Por falar em talentos descobertos, Lucas Soares, 15 anos, é um deles. Com o pai, Lucas compôs uma música que apresentou aos colegas. “Para compor a letra tive que ler toda a bibliografia de Manoel de Barros. Claro, contei com a ajuda do meu pai, mas também me apaixonei pelas histórias. Manoel tem historias lindas, mas não foi muito fácil juntar todas essas palavras”, explica referindo se a música. O jovem artista diz ainda que conheceu o autor através do projeto. “Acho importante outros estudantes terem a mesma oportunidade que eu tive. O projeto ajuda muito, desenvolvi bem a leitura, a fala. Só não pode entender Manoel”. A professora da Escola Municipal José de Souza, Sandra Macedo Nantes diz que o Letras de Barros foi muito bem vindo. “Na minha escola eles trabalham o Biblioteca Aberta. O que posso dizer é que a produtividade das crianças que participam do projeto é melhor do que aquelas que não participam. Elas se envolvem, mudam e transformam esse lado social”. O acadêmico do 5º semestre do curso de letras da Anhanguera Uniderp, Alan Silus, 20 anos, garante que estar no projeto é fundamental para o desenvolvimento profissional. “Esse não é o primeiro projeto que eu participo. Cada projeto é uma soma de experiências. Neste temos a oportunidade de conviver com as crianças do campo. Saber como é o ambiente que eles vivem, é uma experiência inovadora. Estamos conhecendo o ambiente onde vamos trabalhar”, destaca. Silas explica a diferença entre as experiências no campo e na cidade. “Lá (campo) eles são mais simples. Não seguem as modinhas, cada um tem seu próprio estilo?, avalia. A coordenadora do Núcleo de Educação do Campo, Adriana Cercaroli, citou o poema Desencontros, de Paulo Leminsk para falar do encontro de identidade dessas crianças. “Queremos um mundo melhor por meio da leitura. Este é um campo novo de atuação, onde esperamos uma produção que represente o dialogo, a afinidade entre os estudantes do campo e da cidade. Nosso objetivo é que a leitura exerça a função de aproximar essas crianças que vivem em lugares tão diferentes, mas que ao mesmo tempo podem ter tanto em comum”. A professora responsável pelo projeto de extensão no curso de Letras, Clélia Andrade de Paula acredita que os trabalhos são sempre muito positivos. “É um trabalho que é realizado no campo e trazido para a cidade onde o direcionamento é Manoel de Barros. Todos ganham neste projeto. Nossos acadêmicos, por exemplo, vivenciam as metodologias que podem ser utilizadas ao se trabalhar um autor. Eles estão em fase de formação e esta é uma etapa importante, onde são trabalhadas visões e conceitos”, finaliza. Durante todo o ano serão realizados quatro encontros. O próximo está previsto para acontecer em junho. |
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