O projeto Arte nas Estações, idealizado pelo colecionador e gestor cultural
carioca Fabio Szwarcwald, anuncia Entre
o céu e a terra, próxima exposição a ocupar o Centro Cultural José Octávio
Guizzo, a partir do dia 7 de novembro, em Campo Grande. Com curadoria de
Ulisses Carrilho, a mostra reúne 87 obras de 19 artistas autodidatas. O Arte
nas Estações foi viabilizado através da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com
patrocínio master da Energisa.
Após o encerramento da bem
sucedida temporada de Sofrência que, entre 5 de setembro e 26 de outubro
recebeu mais de mil visitantes e atendeu a mais de 30 instituições (escolas,
ONGs, universidades e institutos), entram em cena as fés – sempre no plural – e
todo o lastro cultural de ritualização que as religiosidades trazem consigo.
Crenças, manifestações religiosas, graças alcançadas, súplicas fervorosas e
seres mitológicos do folclore brasileiro são exibidos em ambiente imersivo em
tons de azul profundo que remetem ao céu.
“É uma realização imensa
apresentar ao público de Campo Grande mais uma etapa deste projeto, que tem a
arte popular como ponto de partida para a construção de saberes com as
comunidades locais. Com um amplo programa educativo gratuito, em diálogo com as
exposições, o Arte nas Estações é uma espécie de plataforma artística e
pedagógica que promove oficinas, visitas mediadas e uma série de ações de
acessibilidade e inclusão”, celebra Fabio.
“Nesta exposição as fés são
propositadamente grafadas no plural. A ideia de crença aqui se apresenta de
forma expandida: é crença não só naquilo em que se escolhe ter fé, mas em todo
um sistema de informações que se leva adiante nos discursos, narrativas e na
cultura”, afirma Carrilho. “Para mim, a faceta mais interessante da exposição é
justamente no que ela toca em relação a essas crenças. De maneira um pouco mais
alargada, tratamos da crença no sistema das celebridades: é a crença na fama,
na lógica da acumulação de renda do capital e dos meios de comunicação de
massa”.
Entre o céu e a terra abraça
fato e ficção na busca de tornar este sistema ainda mais complexo. Partindo de
representações pictóricas encontramos não apenas as crenças religiosas ou
místicas, mas a ideia de que “um povo brasileiro” também depende de crença para
persistir.
Resultado de uma miscigenação
plural e violenta, esta ideia chamada ‘Brasil’ persiste e repercute ainda hoje
preconceitos e verdades propagadas em mais de cinco séculos de existência. E o
rico imaginário dos artistas populares salvaguardados pela coleção do Museu
Internacional de Arte Naïf do Brasil, nos ajuda a questionar paradigmas que
desafiam o próprio termo naïf – do francês, ingênuo – que intitula o museu: os
cultos aqui são muitos e vários, de Ogum ao Cristo, do Lobisomem ao Papai Noel,
dos rituais religiosos que marcam a passagem dos anos ao culto de imagens em
museus.
Tirando partido da MPB, que
fundamenta o projeto Arte nas Estações, Ulisses sintetiza: “Entre o céu e a
terra, ‘não existe pecado do lado de baixo do Equador’, ‘tudo é divino
maravilhoso!’ e ‘Deus é brasileiro’, mas o diabo também. Por meio destas
imagens, podemos perceber que o desejo de estarmos juntos, reunidos em nossa
liberdade de crença, é um valor gigantesco. Do sagrado ao profano, do que temos
certeza ao que ainda é mistério”.
O Ministério da Cultura
apresenta Arte nas Estações. Lei Federal de Incentivo à Cultura, patrocínio
Master da Energisa; patrocínio Copa Energia, BMA Advogados, Banco BV; apoio
Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul, Secretaria de Estado de Turismo,
Esporte e Cultura do Mato Grosso do Sul e Governo do Mato Grosso do Sul; apoio
cultural: Instituto Energisa; apoio do programa educativo, Fundo de Filantropia
da Família Hees; Correalização do programa educativo do Instituto 3C, concepção
A Ponte, realização Ikigai Produções e do Ministério da Cultura, Governo
Federal União e Reconstrução.